A ilha Brava, a mais a sul de Cabo Verde, vai ter uma central de dessalinização com 100% energia solar, financiada ao abrigo de um programa de água e saneamento da cooperação luxemburguesa, foi hoje anunciado.
O financiamento de três milhões de euros para construção da unidade de dessalinização da Brava, a ilha mais pequena habitada do arquipélago, está inscrito no Programa Indicativo de Cooperação (PIC 2021-2025), no eixo “Desenvolvimento-Clima-Energia”, entre Cabo Verde e Luxemburgo, orçado em 12 milhões de euros.
O programa foi apresentado, na cidade da Praia, durante a primeira reunião do Comité de Pilotagem de lançamento do Programa de Apoio ao Setor da Água e Saneamento da cooperação luxemburguesa, que vai dar prioridade ao combate às perdas e uso de energias renováveis na produção e transporte de água.
“Este setor, no qual cooperamos continuamente há mais tempo, é para nós prioritário, justamente por considerarmos que o acesso à água e ao saneamento são um direito humano e um elemento essencial para erradicar a pobreza”, disse o encarregado de negócios da embaixada do Grão-Ducado do Luxemburgo em Cabo Verde, Thomas Barbencey.
Para o ministro da Agricultura e Ambiente cabo-verdiano, Gilberto Silva, além da densificação da rede de água, o projeto vai contribuir para a meta traçada pelo Governo de disponibilizar 90 litros de água por pessoa por dia e para a redução das assimetrias que existem entre as zonas urbanas e entre as ilhas do arquipélago.
“Podemos instalar equipamentos, construir infraestruturas, mas é fundamental colocar o foco na eficiência, reduzindo as perdas. Caso contrário, mais produção vai representar mais perdas, o que não é sustentável”, enfatizou o ministro, prometendo continuar a fazer uma “aposta forte” em parques fotovoltaicos para ajudar a reduzir custos de energia.
O Luxemburgo é um dos principais países doadores do arquipélago há 30 anos, tendo já financiados vários outros projetos nos setores de água e saneamento, apoiando, por exemplo, a construção de uma dessalinizadora na ilha do Maio.
Os governos dos dois países assinaram em julho de 2020 o V PIC 2021/2025, envolvendo apoio em vários setores prioritários para o arquipélago, incluindo formação e emprego.
O novo PIC terá uma componente de apoio financeiro luxemburguês de 78 milhões de euros, para várias ações e programas estratégicos de desenvolvimento, aumentando 20 milhões de euros face ao anterior.
Em 20 de outubro, o grão-ducado anunciou financiamento ao Programa Nacional das Cantinas Escolares de Cabo Verde com três milhões de euros até 2024 face à crise económica que o arquipélago atravessa.
Em 29 de setembro, a nova embaixadora do Luxemburgo em Cabo Verde, Martine Schommer, comprometeu-se em reforçar a cooperação entre os dois países, em setores como a água, energia, bem como nos campos da defesa e da cultura.